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Quando um cavalo sofre uma fratura nas pernas, a decisão final de eutanásia é influenciada pelas diferenças anatômicas entre humanos e cavalos. Proprietários e treinadores dedicados valorizam seus cavalos e investem tempo e cuidado em sua saúde e treinamento. No entanto, a fisiologia complexa dos cavalos, combinada com a estrutura óssea leve das pernas, torna a recuperação de uma fratura extremamente desafiadora.
A Natureza das Fraturas nos Cavalos

Ao contrário dos humanos, os cavalos possuem corpos pesados e ossos das pernas leves, especialmente em raças como os Puro-Sangue. Isso significa que, quando os ossos se quebram, eles tendem a se fragmentar, dificultando muito a reconstrução cirúrgica da perna afetada. A leveza dos ossos dos cavalos é uma característica única que influencia o curso do tratamento e a decisão de eutanásia.
Diferenças na Estabilização Óssea
Enquanto os humanos possuem músculos e tecidos que ajudam a estabilizar um osso quebrado, os cavalos possuem pouco músculo e tecido abaixo do joelho. Essa região consiste principalmente de tendões, ligamentos, vasos sanguíneos e alguns nervos. Essa falta de suporte muscular e tecidual torna ainda mais desafiador para um cavalo com uma pata quebrada evitar o uso dela para sustentar o peso. O instinto natural dos cavalos de se levantarem e fugirem quando assustados aumenta o risco de reincidência de lesões, pois eles não conseguem raciocinar e evitar colocar peso na pata fraturada.
Recuperação Bem-Sucedida: Uma Possibilidade Remota
Infelizmente, devido à estrutura óssea leve dos cavalos e à natureza fragmentada das fraturas, as chances de uma recuperação bem-sucedida são mínimas. Apesar dos esforços incansáveis dos veterinários e da equipe médica, a reconstrução da pata afetada é altamente complexa e muitas vezes inviável. Essa realidade difícil leva à consideração da eutanásia como a opção mais humana para evitar o sofrimento prolongado desses animais.
Fraturas em Cavalos: Recuperação e Complicações
Quando um cavalo sofre uma fratura, a gravidade da lesão desempenha um papel crucial na sua recuperação. Quanto menos complicada for a fratura, maiores são as chances de uma recuperação bem-sucedida. Felizmente, fraturas incompletas, como as fraturas em galho verde e por estresse, são geralmente tratáveis com sucesso.

As fraturas simples, onde há uma única quebra limpa no osso, têm uma maior probabilidade de cicatrização bem-sucedida quando comparadas às fraturas cominutivas, onde os ossos se despedaçam em vários fragmentos. O sucesso do tratamento também depende do tipo de fratura.
Infelizmente, fraturas expostas, onde um osso quebrado perfura a pele, têm um prognóstico desfavorável e são menos propensas a cicatrizar sem complicações. Na maioria dos casos, especialmente quando o suprimento de sangue para a perna foi comprometido, essas fraturas exigem o sacrifício do cavalo. O risco de infecção também aumenta quando há uma fratura exposta, tornando o tratamento ainda mais desafiador.

As fraturas que envolvem articulações, como as do quartos traseiros, geralmente são irreparáveis. Da mesma forma, as fraturas que ocorrem acima do joelho são difíceis de serem tratadas. Não apenas porque os ossos estão em muitos pedaços que não se unirão, mas também devido à deformação plástica. Esse fenômeno ocorre quando o osso se curva antes de quebrar, resultando em uma forma curva preservada nos fragmentos. Mesmo que fosse possível reunir todas as peças, o osso ficaria deformado.
É essencial buscar atendimento veterinário imediato ao suspeitar de uma fratura em um cavalo. O veterinário realizará exames e radiografias para determinar a extensão da lesão e o melhor curso de tratamento. Em muitos casos, imobilização e apoio adequados podem ser suficientes para promover a cura.
Por que não são usadas talas em cavalos com fraturas?
Quando um cavalo sofre uma fratura em uma de suas pernas, a decisão sobre o tratamento adequado pode ser difícil e dolorosa. Embora em humanos seja comum o uso de talas para imobilizar e estabilizar ossos fraturados, no caso dos cavalos, essa abordagem não é amplamente adotada.
Cavalos não gostam de ficar deitados
Os cavalos são animais que possuem um traço evolucionário peculiar: eles detestam ficar parados. Essa característica é resultado de milênios de adaptação à vida em estado selvagem, onde estar sempre de pé e alerta era crucial para a sobrevivência. Essa aversão ao repouso prolongado torna difícil a utilização de talas para imobilizar as fraturas em suas pernas.

Quando um cavalo apresenta uma fratura em uma de suas pernas, é fundamental que o osso fraturado seja imobilizado para permitir a cicatrização adequada. No entanto, a natureza inquieta do cavalo dificulta a estabilização da fratura por meio de talas. A resistência e a movimentação constantes do cavalo podem comprometer a regeneração do osso e até mesmo agravar a lesão, prolongando o tempo de recuperação e aumentando o risco de complicações.
Porque não é usada anestesia então?
Se um cavalo fosse anestesiado por um longo período para permitir o uso de talas, surgiriam problemas adicionais. O imobilismo prolongado poderia levar ao desenvolvimento de úlceras de pressão, especialmente devido ao alto peso do animal. Além disso, a imobilização prolongada aumentaria o risco de pneumonia para o cavalo, devido à redução da ventilação pulmonar e ao acúmulo de secreções nos pulmões. Problemas intestinais também podem surgir devido à imobilidade, comprometendo ainda mais a saúde geral do animal.
Resumo
Quando um cavalo sofre uma fratura nas pernas, a decisão final de eutanásia é frequentemente considerada a opção mais humana. As diferenças anatômicas entre humanos e cavalos, como a estrutura óssea leve das pernas e a falta de suporte muscular abaixo do joelho, tornam a recuperação de uma fratura extremamente desafiadora. A reconstrução cirúrgica é complexa e muitas vezes inviável, levando à consideração da eutanásia como uma medida para evitar o sofrimento prolongado desses animais.
As chances de uma recuperação bem-sucedida são mínimas devido à natureza fragmentada das fraturas e à estrutura óssea dos cavalos. Fraturas expostas e aquelas que envolvem articulações geralmente têm um prognóstico desfavorável, enquanto fraturas simples têm maior probabilidade de cicatrização bem-sucedida. Além disso, a natureza inquieta dos cavalos e sua aversão ao repouso prolongado dificultam o uso de talas para imobilizar as fraturas, tornando a anestesia prolongada uma opção inviável devido aos riscos adicionais que traz.
Embora seja uma decisão difícil, a eutanásia muitas vezes se apresenta como a escolha mais compassiva diante das circunstâncias. Proprietários e treinadores dedicados valorizam seus cavalos, mas as limitações da fisiologia equina tornam a recuperação de uma fratura uma possibilidade remota. A eutanásia permite evitar o sofrimento prolongado e oferece uma forma de encerrar o sofrimento do cavalo de maneira mais humana, apesar dos esforços incansáveis dos veterinários e da equipe médica.
Referencias
Spargo KE, Rubio-Martinez LM, Wheeler DP, Fletcher L, Carstens A. Catastrophic musculoskeletal injuries in Thoroughbred racehorses on racetracks in Gauteng, South Africa. J S Afr Vet Assoc. 2019;90(0):e1-e5.
https://www.theguardian.com/sport/blog/2011/sep/23/claims-five-broken-leg-horse