Cães Podem Tomar Loratadina? O Veredito da Veterinária

Um cão tomando remédio.

A Loratadina, conhecida também pelo nome comercial Claritin, é um anti-histamínico amplamente utilizado por pessoas que sofrem de alergias. No entanto, você sabia que essa medicação também pode ser empregada na veterinária? Neste artigo, exploraremos a segurança e a eficácia da Loratadina em cães, fornecendo um veredito embasado em conhecimentos veterinários.

Se você está se perguntando ”Posso dar loratadina para meu cachorro?”, a resposta é sim, porem… com algumas ressalvas importantes. É fundamental entender os perigos associados à medicação sem supervisão veterinária.

Loratadina: Neutralizando os efeitos da histamina em cães alérgicos

Os cães, assim como os humanos, podem ser afetados por alergias. A histamina, produzida em resposta a alérgenos, desempenha um papel crucial no desenvolvimento de sintomas alérgicos, tais como vermelhidão, urticária e inchaço. A Loratadina age como um anti-histamínico para cães, neutralizando os efeitos indesejados da histamina e aliviando os sintomas alérgicos.

Segurança da Loratadina em cães: Ausência de efeitos no sistema nervoso

Um aspecto importante da Loratadina é que ela não afeta o sistema nervoso dos cães, o que a torna uma opção segura para alívio dos sintomas alérgicos. Ao contrário de alguns medicamentos que podem causar sonolência em humanos, a Loratadina não atravessa a barreira hematoencefálica dos cães, o que significa que ela não causa sonolência nos nossos amigos de quatro patas.

”Como citado anteriormente, alguns antagonistas de receptores H1 são capazes de atravessar a barreira
hematoencefálica, promovendo efeitos depressores, como sonolência, redução do estado de alerta e dos
reflexos. Por isso, podem potencializar os efeitos depressores de outros medicamentos, como tranquilizantes e
anestésicos. A terfenadina e o astemizol, por produzirem arritmias cardíacas fatais, foram retirados do mercado,
e a loratadina, por não atravessar a barreira hematoencefálica, permanece para o uso clínico” : (HELENICE DE SOUZA SPINOSA et al., 2006)

Riscos de obstrução das vias aéreas: Uma ameaça à vida

Embora a Loratadina seja geralmente segura para uso em cães, é importante destacar que em casos graves de reação alérgica, pode ocorrer obstrução das vias aéreas, representando um risco de vida. Nessas situações, é fundamental buscar atendimento veterinário de emergência imediatamente para garantir a estabilização do cão e a administração adequada de tratamento.

Posso dar loratadina para o meu cachorro?

Imagem de um medicamento chamado Alevert, baseado em loratadina.
Medicamento especializado para cães baseado em Loratadina.

Sim, é possível administrar loratadina para o seu cachorro, mas é essencial ter cuidado e seguir as orientações de um veterinário. Embora a loratadina seja um medicamento antialérgico comum para humanos, é importante entender que os cães têm necessidades e reações diferentes às substâncias farmacêuticas.

Os perigos da automedicação

A automedicação de animais de estimação pode ser perigosa e até mesmo fatal. Metade das intoxicações em animais de estimação são causadas por medicamentos humanos. Portanto, antes de dar qualquer medicação ao seu cachorro, especialmente aquelas destinadas aos humanos, é crucial buscar orientação profissional.

A automedicação em pets, assim como em humanos, é geralmente motivada por restrições financeiras. No entanto, é importante ressaltar que o uso indiscriminado de medicamentos e a aplicação de receitas caseiras em animais de estimação sem orientação profissional representam um sério perigo para sua saúde. De fato, essas práticas constituem uma das principais causas de intoxicação em cães e gatos, logo atrás da intoxicação por medicamentos estão as intoxicações por produtos de limpeza, alimentos e agrotóxicos. (QUESSADA, A. M. 2010).

Dosagem

A dosagem normal de loratadina recomendada para cães é de:

Até 5 kg = 1/4 do comprimido

De 5,1 a 15 kg = 1/2 comprimido

Qualquer peso acima de 15 kg = 1 comprimido

Fonte: https://www.vetsmart.com.br

Alternativas antialérgicas para animais de estimação

Existem outros medicamentos antialérgicos disponíveis para cães que podem ser prescritos por veterinários. Alguns exemplos incluem a Clorfeniramina, Benadryl, Claritin, Polaramine, Histamin e Allegra-D. Cada um desses medicamentos possui diferentes especialidades e é importante discutir com o veterinário qual é o mais adequado para o seu cachorro, considerando sua condição de saúde específica.

Supervisão veterinária e tratamento adequado

A decisão de administrar loratadina ou qualquer outro medicamento para o seu cachorro deve ser tomada sob a supervisão de um veterinário. Somente um profissional qualificado pode avaliar a situação do seu animal de estimação e determinar se a loratadina é a opção adequada. Além disso, caso o seu cachorro esteja apresentando uma inflamação severa ou reação alérgica grave, é fundamental procurar um veterinário imediatamente, pois o tratamento adequado pode ser crucial para a recuperação do animal.

Em suma, embora seja possível dar loratadina para o seu cachorro, é essencial enfatizar que a decisão deve ser tomada sob a supervisão de um veterinário. A automedicação e o uso de medicamentos destinados a humanos podem ser perigosos para os animais de estimação. Priorize sempre a segurança e o bem-estar do seu cachorro, buscando orientação veterinária antes de administrar qualquer medicamento.

O que a literatura diz: Segurança e eficácia da Loratadina em cães

A loratadina, um anti-inflamatório amplamente utilizado na prática veterinária, é amplamente aceita como um fármaco seguro para cães. No entanto, é importante destacar que certas espécies de cães com deficiência no gene MDR1 podem apresentar uma sensibilidade extra a drogas que atravessam a barreira hematoencefálica, embora as consequências neurológicas sejam geralmente mínimas, alguns cães podem experimentar sonolência ou sedação como efeito colateral. Ainda que a loratadina não seja considerada uma droga perigosa para cães com essa deficiência, é crucial estar atento a possíveis reações adversas.

Raças como Collies, Pastores, e seus cruzamentos são exemplos de cães que podem ter essa deficiência genética. Quando administrada loratadina a essas raças, é fundamental monitorar de perto a ocorrência de efeitos colaterais e ajustar a dose, se necessário, para garantir a segurança do animal.

Vale ressaltar que a literatura especializada, como os livros “Farmacologia aplicada à medicina veterinária” e “Veterinary pharmacology and therapeutics. 10. ed”, endossa a loratadina como um fármaco seguro para cães em geral. No entanto, quando lidando com raças que possuem a deficiência do gene MDR1, é essencial seguir as orientações e recomendações do médico veterinário, que levará em consideração as características individuais do animal e a presença de possíveis comorbidades.

Em resumo, a literatura confirma que a loratadina é amplamente aceita como um anti-inflamatório pouco problemático na veterinária. Porém, ao tratar cães com deficiência no gene MDR1, é essencial estar atento à sensibilidade desses animais a drogas que atravessam a barreira hematoencefálica. Consultar um veterinário capacitado é fundamental para garantir a segurança e a eficácia do tratamento com loratadina em cães.

Conclusão

Em conclusão, a loratadina pode ser utilizada em cães para aliviar os sintomas alérgicos, atuando como um anti-histamínico seguro. No entanto, é importante destacar que a automedicação e o uso de medicamentos destinados a humanos podem ser perigosos para os animais de estimação. É crucial buscar orientação profissional veterinária antes de administrar qualquer medicação ao seu cachorro, garantindo assim a segurança e o bem-estar do animal.

Fontes e referências:

HELENICE DE SOUZA SPINOSA et al. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. Rio De Janeiro: Gunabara Koogan, 2006.

J EDMOND RIVIERE; PAPICH, M. G. Veterinary pharmacology and therapeutics. 10. ed. [s.l.] Hoboken, Nj John Wiley & Sons, Inc, 2018.

CARVALHO, R. L.; KLEIN, R. P.; SILVA, F. A. do N.; QUESSADA, A. M. USO DE MEDICAMENTOS SEM PRESCRIÇÃO MÉDICO-VETERINÁRIA-COMUNICAÇÃO. Veterinária Notícias, Uberlândia, Brazil, v. 16, n. 1, 2012. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/vetnot/article/view/18908.

Histamina, receptores de histamina e anti-histamínicos: https://www.scielo.br/j/abd/a/r4BhwWR3fDgZSLPpKV8N3rg/?format=pdf

https://www.vetsmart.com.br/

https://vetpat.com.br/entenda-mais-sobre-a-mutacao-de-gene-mdr1/

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